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Key findings
  • A proporção de cabo-verdianos que dizem que a corrupção aumentou durante o ano anterior caiu 10 pontos percentuais, para 39%, mas ainda é o dobro da percentagem que afirma que a corrupção diminuiu (20%).
  • A maioria (61%) dos cabo-verdianos diz que o governo está a gerir a luta contra a corrupção "bastante mal" ou "muito mal."
  • A polícia continua a ser percebida como a instituição pública mais corrupta. Seis em cada 10 entrevistados (62%) dizem que pelo menos “alguns” policiais são corruptos, incluindo 23% que acreditam que “a maioria” ou “todos” estão envolvidos em corrupção.
  • Menos de um em cada 10 cabo-verdianos que procuraram serviços públicos chave durante o ano anterior dizem que tiveram que pagar um suborno para obter o serviço que precisavam.
  • Seis em cada 10 cabo-verdianos pensam que as pessoas comuns podem fazer a diferença na luta contra a corrupção e que o governo agirá se a corrupção for denunciada. Mas aproximadamente a mesma proporção (60%) diz que eles correm risco de retaliação ou outras consequências negativas se relatarem casos de corrupção.

Cabo Verde há muito que goza de uma reputação de transparência financeira e de severas sanções contra a fraude, reforçadas pelo seu banco central independente, pelo poder judiciário independente e pelo Tribunal de Contas (Banco Africano de Desenvolvimento, 2012).

Apesar de alguns escândalos de corrupção envolvendo funcionários públicos atuais e anteriores (A Nação, 2017; A Semana, 2014), o país tem se classificado consistentemente entre os 50 países menos corruptos do mundo no Índice de Percepção de Corrupção da Transparência Internacional (2019). O índice de 2018 classificou Cabo Verde como o terceiro melhor em África (depois das Seychelles e do Botswana) e em 45o dos 180 países do mundo, ligeiramente abaixo do 38o em 2016.

A Ministra da Justiça anunciou novas medidas anti-corrupção, incluindo a criação de um conselho independente junto do Tribunal de Contas que irá auditar se os investimentos públicos são eficientes e se estão alinhados com os interesses públicos (Sapo Notícias, 2017), embora o financiamento adequado para o conselho depende do orçamento do próximo ano.

De acordo com o último inquérito da Afrobarómetro, a maioria dos cabo-verdianos quer mais acção do governo contra a corrupção. Os cidadãos que vêem a corrupção no país como crescente ainda superam os que a vêem como decrescentes, e a percepção de que a maioria das autoridades policiais é corrupta na verdade aumentou ligeiramente em relação a 2014. A maioria dos cidadãos diz que as pessoas comuns podem ajudar a combater a corrupção, mas a mesma proporção teme retaliação se denunciarem casos de suborno às autoridades.

Cláudio Furtado

Cláudio Alves Furtado is a sociologist and professor at the University of Cabo Verde.

Jose Semedo

Jose Semedo is the Managing Director of Afrosondagem.