- Sobre a experiência do crime e da insegurança: Muitos cidadãos não se sentem seguros nos seus bairros (47%) ou mesmo dentro das suas casas (39%). O sentimento de segurança do público diminuiu significativamente desde o último ciclo de pesquisa em 2016/2018.
- Sobre as avaliações de desempenho do governo: Em média, em 34 países, apenas 40% dos Africanos atribuem notas positivas aos seus governos pelos esforços para reduzir o crime. Pela primeira vez em mais de duas décadas de pesquisas do Afrobarometer, a maioria dizem que seus governos estão tendo um mau desempenho nessa questão.
- Sobre a presença policial: Os níveis de presença policial nas comunidades variam amplamente, conforme observado por meio de delegacias de polícia, controis nas estradas e evidências relacionadas. As equipes de campo do Afrobarometer registaram a presença de postos de polícia em mais de dois terços das áreas de enumeração (AEs) em Camarões (68%), mas menos de uma em cada cinco no Níger (19%).
- Sobre corrupção e (des)confiança: Em média, em 34 países, a polícia é considerada a mais corrupta entre as nove principais instituições governamentais e sociais. Quase metade (47%) dos entrevistados dizem que “a maioria” ou “todos” os policias em seu país são corruptos.
Nos últimos dois anos, o movimento #EndSARS na Nigéria e a ampla divulgação dos excessos da polícia ao impor o cumprimento das medidas restritivas da pandemia da COVID-19 atraíram um escrutínio renovado ao comportamento das forças de segurança em África. Manifestações massivas contra a brutalidade policial abalaram não apenas a Nigéria (Busari, 2020; Obaji, 2020; Amnistia Internacional, 2020; Adegoke, 2020), mas também o Gana (BBC, 2020), o Quénia (Odula, 2020), a África do Sul (Harrisberg, 2020) e Angola (Paulo, 2020).
Os protestos na Nigéria e noutros lugares surgiram num contexto generalizado de experiências e percepções públicas da polícia como corrupta, indigna de confiança e inútil. Neste contexto, a questão se a polícia deve ser vista como “protetora ou predadora” anima cada vez mais o debate.
Baseado nas entrevistas realizadas em 34 países africanos em 2019/2021, o Afrobarometer identifica padrões contínuos de desconfiança e altos níveis de percepção de corrupção policial em muitos países. Essas percepções são moldadas por experiências pessoais diretas que muitas vezes envolvem encontros indesejados com a polícia, mau atendimento ao público e pedidos frequentes de suborno. Embora a Nigéria seja um dos países mais atingidos, não é de forma alguma o único lugar onde esses problemas são generalizados.
Poucos paises oferecem uma fotografia mais animadora. Tanto a percepção da corrupcao como os pagamentos reais de suborno são menos comuns no Botsuana, Cabo Verde, Ilhas Maurícias, Namíbia, Tanzânia e Tunísia. As taxas do desempenho do governo na luta contra o crime e a possibilidade dos cidadãos obterem apoio da policia estão bem acima da media no Benin, Tanzania, Botsuana e Eswatini. Enquanto estes países ainda evidenciam espaço de melhoria, a sua forca policial pode servir de modelo a serem examinados e emulados por países com um pobre desempenho.
Mas essas descobertas destacam o fato de que muitas forças policiais em todo o continente têm um trabalho considerável a fazer antes de serem consideradas promotoras da proteção, da segurança e do desenvolvimento social, em vez de um câncro na sociedade que ataca especialmente as populações mais vulneráveis.
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