- Os Angolanos estão divididos quanto à questão da livre circulação transfronteiriça dentro da região austral: 41% dizem que os cidadãos da África Austral devem ser livres de atravessar as fronteiras para trabalhar e viver, enquanto 38% acreditam que o governo deve restringir a circulação de pessoas e bens.
- Os Angolanos também estão divididos quanto ao impacto dos imigrantes na sua economia: Quatro em cada 10 (40%) dizem que eles contribuem positivamente, enquanto uma proporção igual (40%) acredita que eles têm um impacto negativo.
- Sete em cada 10 cidadãos (71%) não manifestam reservas quanto ao facto de viverem ao lado de imigrantes ou trabalhadores estrangeiros.
- Do mesmo modo, cerca de dois terços (65%) manifestam atitudes tolerantes em relação aos refugiados.
- Mesmo assim, uma maioria (56%) dos Angolanos considera que o governo deveria reduzir o número de candidatos a emprego estrangeiros que permite entrar no país ou eliminar completamente essa imigração.
- A maioria (57%) dos Angolanos afirma ter considerado pelo menos “um pouco” a possibilidade de sair do país, incluindo 38% que pensaram “muito” nessa possibilidade.
- Entre as pessoas que consideraram a possibilidade de sair do país, as razões mais frequentemente citadas são de ordem económica: encontrar oportunidades de trabalho (37%) e fugir as dificuldades económicas (34%).
- Os destinos mais populares entre os potenciais emigrantes são a Europa (39%), a América do Norte (21%) e a África do Sul (10%).
Nos últimos 30 anos, Angola registou três vagas de emigração. A primeira ocorreu em 1976, no início da guerra civil que se seguiu à proclamação da independência nacional (Barreto, 2014). A segunda começou em 1992, quando o conflito pós-eleitoral levou milhares de Angolanos a procurar refúgio e melhores condições de vida no estrangeiro. A terceira vaga teve início há cerca de seis anos, em resultado da profunda crise económica do país, levando novamente os cidadãos a partir em busca de oportunidades.
Portugal tem sido o principal destino dos emigrantes angolanos (Teixeira, 2021). Dados recentes publicados pelo Novo Jornal (2024) indicam que a comunidade angolana em Portugal cresceu mais do que o triplo entre 2017 e 2023, passando de 16.854 para 55.589 residentes, o que a torna a segunda maior comunidade estrangeira no país, superada apenas pelo Brasil.
Esta saída de cidadãos, sobretudo de jovens tipicamente urbanos e com formação académica, representa uma perda de capital humano necessário ao desenvolvimento económico e político do país. Um estudo de 2021 mostra que, embora a principal motivação dos emigrantes seja ajudar as suas famílias, muitos Angolanos em Portugal não enviam remessas devido à instabilidade económica no país de destino, o que significa que a situação económica das suas famílias piora frequentemente após a sua partida (Teixeira, 2021).
Angola é também um importante país de acolhimento de imigrantes e refugiados. No início da década de 2020, Angola acolhia mais de 650.000 migrantes internacionais e mais de 55.000 refugiados, na sua maioria provenientes da República Democrática do Congo (Integral Human Development, 2022; Statista, 2025).
Os resultados do inquérito Afrobarometer mostram que os Angolanos têm opiniões divergentes sobre a migração. Os cidadãos estão divididos quanto à questão da livre circulação transfronteiriça e na sua avaliação do impacto dos imigrantes. A maioria quer que o seu governo reduza ou elimine a entrada de estrangeiros à procura de emprego e de refugiados.
Entretanto, a maioria dos Angolanos diz que já pensou em emigrar, na maioria das vezes para obter emprego e um melhor nível de vida. Os cidadãos jovens, urbanos e com um elevado nível de escolarização são, especialmente, mais susceptíveis de considerar a possibilidade de sair do país.