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Key findings
  • A maioria (54%) dos Angolanos diz que a corrupção no país cresceu “um pouco” ou “muito” durante o ano anterior ao inquérito, um aumento notável de 21 pontos percentuais em comparação com 2019.
  • Quase sete em cada 10 Angolanos (68%) dizem que o desempenho do governo no combate à corrupção no governo é “bastante mau” ou “muito mau,” um aumento de 14 pontos em relação a 2019.
  • Mais de seis em cada 10 Angolanos (63%) acreditam que as pessoas comuns correm o risco de retaliação ou outras consequências negativas se denunciarem a corrupção, um aumento de 9 pontos em relação a 2019.
  • Entre as pessoas que procuraram por alguns serviços públicos durante o ano anterior, mais de metade (55%) afirma ter tido de pagar um suborno para obter assistência da polícia, 38% para evitar problemas com a polícia, 48% para obter um documento do governo e 31% para obter cuidados médicos.
  • Quase metade (47%) dos Angolanos pensa que “a maioria” ou “todos” os agentes da polícia estão envolvidos em corrupção. o Mais de quatro em cada 10 (43%) dizem o mesmo sobre os funcionários da Presidência, um aumento de 21 pontos em relação a 2019.

Entre 2017, ano em que o Presidente João Lourenço tomou posse, e 2022, a classificação de  Angola no Índice de Perceção da Corrupção da Transparência Internacional (2017, 2022)  melhorou do 167º lugar para o 116º. Esta subida de 51 lugares reflectiu as investigações e os  processos judiciais do país, sugerindo um compromisso com a luta contra a corrupção,  especialmente envolvendo figuras próximas do antigo Presidente José Eduardo dos Santos  (VOA, 2021; Maka Angola, 2022). 

Mas continuam a surgir escândalos de corrupção envolvendo altos funcionários da polícia e  da justiça. Um exemplo recente foi a demissão de Eduarda Rodrigues, procuradora-geral  adjunta e diretora do Serviço Nacional de Recuperação de Bens, atribuída a uma “perda  de confiança,” sublinhando as dificuldades persistentes no combate à corrupção (Novo  Jornal, 2024). 

A questão da corrupção é de extrema importância política, uma vez que as percepções  de corrupção enfraquecem um dos pilares da estabilidade política, a confiança pública  nas instituições (Lagarde, 2018 ; Cho & Kirwin, 2007). Isto é especialmente preocupante no contexto de um regime político autoritário eleitoral como o angolano, porque a  desconfiança aprofunda os problemas de legitimidade política (Boio & Pacatolo, 2024). 

No entanto, os estudos indicam que, em muitos países africanos, as reformas anticorrupção  enfrentam barreiras institucionais e políticas que dificultam a sua implementação (Badlam,  Foster, Billings, & DePass, 2021) e aumentam o cepticismo do público em relação à eficácia  das iniciativas anticorrupção em geral (Transparency International, 2023). 

Em vésperas do Dia Internacional contra a Corrupção (9 de Dezembro), este dispatch analisa a perceção que os Angolanos têm dos esforços do seu governo para combater a  corrupção. 

Os resultados da pesquisa do Afrobarometer 2024 mostram que um número crescente de  Angolanos considera que a corrupção está a aumentar, particularmente em instituições  públicas como a Presidência, o Parlamento, a administração pública e a polícia nacional. A  maioria considera insuficiente o desempenho do governo na luta contra a corrupção.  Muitos Angolanos afirmam ter de pagar subornos para obter serviços públicos e a maioria  acredita que o cidadão comum corre o risco de sofrer retaliações se denunciar actos de  corrupção.

Carlos Pacatolo

Carlos Pacatolo is the national investigator for Angola.

David Boio

David Boio is the co-national investigator for Angola.

Rosania Correia Sabino

Rosania Correia Sabino é gestora assistente de projecto da Ovilongwa para o projecto do Afrobarometer.<br />