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Key findings
  • Mais de seis em cada 10 Angolanos (63%) dizem que se sentiram inseguros a andar no seu bairro pelo menos uma vez durante o ano anterior, enquanto 54% dizem que temeram o crime em casa pelo menos uma vez.
  • Entre os cidadãos que procuraram assistência policial no ano anterior, 41% afirmam terem pago suborno (“gasosa” ou “sentimentos”). E 37% daqueles que encontraram a polícia em outros locais dizem que pagaram suborno para evitar problemas.
  • Quase metade (45%) dos Angolanos dizem que “a maioria” ou “todos” os polícias são corruptos, a pior classificação entre as 12 instituições e grupos de dirigentes sobre os quais a pesquisa incidiu. As percepções de corrupção generalizada na polícia aumentaram 6 pontos percentuais em relação a 2019.
  • Dois terços (66%) dos Angolanos dizem que a polícia “muitas vezes” ou “sempre” pára os condutores sem um bom motivo, e a maioria dizem que a polícia usa força excessiva durante as manifestações (57%) e com suspeitos de crimes (55%). Quase quatro em cada 10 (38%) dizem que a polícia frequentemente se envolve em atividades criminosas.
  • Menos de dois em cada 10 Angolanos (18%) dizem que a polícia “frequentemente” ou “sempre” age de forma profissional e respeita os direitos de todos os cidadãos, enquanto notáveis 60% dizem que “raramente” ou “nunca” o fazem.
  • A maioria (59%) dos cidadãos considera provável que a polícia leve a sério as denúncias de violência de género.
  • Mais de dois terços (68%) dos Angolanos descrevem o desempenho do governo na redução da criminalidade como “bastante mau” ou “muito mau.”

Entre Março e Setembro de 2020, os grupos de direitos humanos documentaram 10 assassinatos cometidos pela polícia e militares em Angola, incluindo a morte de cinco meninos de 14 a 16 anos (Amnistia Internacional, 2020). Embora as acusações de brutalidade policial não sejam novas em Angola, os críticos compilaram dezenas de casos recentes de uso de força excessiva, de prisão arbitrária e de execução extrajudicial pela polícia, muitas vezes como parte da repressão de manifestações públicas relacionadas às restrições do COVID-19, as condições de vida precárias e aos direitos políticos (Human Rights Watch, 2020; Amnistia Internacional, 2022; Marques de Marais, 2018).

O ministro do Interior, Eugênio César Laborinho, colocou lenha na fogueira quando apareceu para justificar os abusos policiais ao dizer em conferência de imprensa que “a polícia não está nas ruas para distribuir rebuçados, nem para dar chocolates” (DW, 2020).

Este dispatch reporta um módulo especial de pesquisa incluído no inquérito da 9a Ronda do Afrobarometer (2021/2023) para explorar as experiências e as avaliações dos Africanos sobre o profissionalismo da polícia.

Os resultados em Angola mostram que a maioria dos cidadãos sente insegurança e medo ao seu redor e diz que o governo precisa fazer um trabalho melhor para reduzir o crime. Entre os Angolanos que interagiram com a polícia no ano anterior, muitos relatam o pagamento de suborno para conseguir ajuda ou para evitar problemas. Poucos expressam confiança na polícia, que é vista como a mais corrupta das instituições importantes do Estado.

A maioria dos Angolanos acreditam que a polícia detém os motoristas sem um bom motivo e usa força excessiva para dispersar as manifestações pacíficas e lidar com suspeitos de crimes, e muitos dizem que a polícia se envolve em atividades criminosas.

Carlos Pacatolo

Carlos Pacatolo is the national investigator for Angola.

David Boio

David Boio is the co-national investigator for Angola.

Victorino Roque

Victorino Roque is a sociologist and executive director of the civil society organisation Okuveleka.