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Key findings
  • Em relação às últimas eleições de 2016, somente 9% da população declarou ter trabalhado para um candidato ou partido político. Esta minoria também se verifica na camada jovem entre os 18-35 anos, com 11%. É, também interessante notar que 48% dos jovens entrevistados tenha participado num comício nas últimas eleições, enquanto a média de todos os grupos etários é de 43%.
  • Somente uma minoria dos jovens (17%), entre os 18-35 teve contacto com um deputado municipal e 13% com um deputado nacional, enquanto 22% assume ter contactado com um agente ou funcionário de um partido político durante o ano de 2018. Essa minoria é ainda mais expressiva no segmento 56 anos e mais com apenas 9% demonstrando que a maioria dos Cabo-Verdianos tem pouquíssimo contacto com os seus representantes a nível político.
  • A maioria dos cidadãos (58%) afirma que em Cabo Verde vigora uma democracia completa/democracia com pequenos problemas, enquanto 41% consideram que não é uma democracia/é uma democracia com grandes problemas. Entre os jovens o posicionamento é um pouco mais crítico, com 46% a afirmar que não somos uma democracia/somos uma democracia com grandes problemas.
  • Cerca de três quartos dos Cabo-Verdianos (75%) não está nada/não muito satisfeito com a democracia em Cabo Verde, dos quais 82% de jovens entre os 18-35. Os restantes jovens 18% estão bastante/muito satisfeitos.
  • Uma maioria de 71% da juventude identificou o desemprego com um dos principais problemas do país e o resto da população concorda, com uma variação que vai dos 63% entre os indivíduos com 56 anos e mais, a 67% entre os indivíduos na faixa etária compreendida entre os 36 a 55 anos. A seguir, 61% dos jovens entre os 18-35 anos identificaram o crime e a segurança como um dos problemas a serem resolvidos e 85% dos jovens acreditam que as iniciativas para a redução do crime estejam a ser mal geridas pelo governo.

De acordo com a Fundação Mo Ibrahim (2019), as tendências no que diz respeito à promoção da integração da juventude em Africa são preocupantes. Considerando que em 2019, por volta de 60% da população do continente era constituída por menores de 25 anos, a integração socioeconómica da juventude coloca-se como primordial para o futuro do continente.

Cabo Verde é também um país com um perfil demográfico bastante jovem. De acordo com as projeções demográficas do Instituto Nacional de Estatística, a idade media do Cabo-verdiano é de 29 anos. A população com idades compreendidas entre os 0 e os 34 corresponde a 72,4% do total nacional, dentre os quais os entre os 15 e os 34 representam 35.9% da população nacional (Instituto Nacional de Estatística, 2012; Lima, 2019). O governo reconhece que é necessário que os jovens tenham uma participação ativa e relevante na vida política, institucional, económica, comunitária e cultural do país. Por representar, a grande maioria da população torna-se fundamental que esses jovens tenham voz na ação governativa, e participem na tomada de decisões que direta ou indiretamente afetam as suas vidas e futuros (Forum Nacional da Juventude, Mindelo, Cabo Verde, 2019).

Qual é a perspetiva da juventude cabo-verdiana em relação aos temas de foco do inquérito do Afrobarometer? Diz-se muitas vezes que os jovens não estão interessados no futuro do país, será? Entre as nossas principais descobertas neste artigo podemos apontar para a fraca participação política dos jovens e o seu forte sentido crítico com o funcionamento da democracia em Cabo Verde.

Jose Semedo

Jose Semedo is the Managing Director of Afrosondagem.

Aleida Borges

Aleida Cristina Mendes Borges is a jurist and doctoral candidate at King's College London