- Aproximadamente dois terços (65%) dos Cabo-Verdianos mostram-se convictos que o país está na direção errada, enquanto 32% defendem que o país está na direção certa. Os dados revelam uma tendência de crescimento constante da proporção dos cidadãos com opinião negativa relativamente à direção do país, passando de 22% em 2011 para 65% em 2024 (Figura 1).
- Os mais críticos relativamente à direção do país são os residentes no meio urbano (67%, contra 59% no meio rural) e do sexo feminino (67%, contra 62% entre os homens). Os indivíduos com muita pobreza vivida tendem em maior proporção (79%) a considerar que o país está na direção errada, contra 60% no seio daqueles com baixa e sem pobreza vivida (60%). Os indivíduos de todos os níveis de instrução praticamente na mesma proporção (64% a 66%) defendem que o país está na direção errada (Figura 2).
- Os Cabo-Verdianos continuam esperançosos e confiantes relativamente a um futuro melhor com 70% a afirmar que espera que nos próximos 12 meses as condições económicas do país vão melhorar. A proporção de otimista aumentou em 7 pontos percentuais comparativamente ao resultados de 2022 (63%), enquanto 26% não se mostram confiantes num futuro melhor, pelo contrário, defendem que a situação estará pior ou muito pior (Figura 3).
- Os indivíduos na situação de muita pobreza viviva representam 11% da população, praticamente a mesma proporção registada em 2022. Aqueles que se encontram na posição de pobreza moderada também não sofreu alterações face a 2022, situando-se nos 23%. O quadro não se altera entre aqueles sem pobreza vivida, passando de 24% para 22% no mesmo período (Figura 4).
A maioria dos Cabo-Verdianos é de opinião que o país caminha na direção errada, revela uma pesquisa recente do Afrobarometer.
Comparativamente ao ano de 2022, a proporção dos que consideram que o país caminha na direção errada cresceu seguindo a tendência de uma percepção negativa verificada nos últimos 10 anos.
Os Cabo-Verdianos em diversas situações têm demonstrado sempre o seu otimismo relativamente a um futuro melhor. As questões económicas não constituem uma excepção à regra. Neste momento, acima de dois terço acredita que as condições económicas do país estarão melhores nos próximos 12 meses.
Os níveis de pobreza vividas tendem a permanecer inalterados nos últimos anos pós crise provocada pela pandemia da COVID-19, com cerca de um terço da população na condição de moderada pobreza vivida ou muita pobreza vivida.
Desde a última crise económica e financeira que abalou o mundo em 2008 e que agudizou com a crise imobiliária em 2011, apesar das medidas implementadas pelos sucessivos governos no sentido de amenizar os efeitos causados por estas crises, o certo é que o impacto dessas medidas não surtiram os efeitos desejados, particularmente junto da camada da população mais vulnerável, e a pobreza continua a afetar cerca de um terço da população.