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News release

A oficialização do Crioulo continua a não ser um tema consensual entre os Cabo-Verdianos

26 Feb 2025 Cabo Verde
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Comunicado de imprensa
Key findings
  • Mais de metade (56%) dos Cabo-Verdianos considera que chegou o momento de Cabo Verde adotar o Crioulo como língua oficial com o mesmo estatuto que o Português. Comparativamente ao ano de 2022, verifica-se uma diminuição em cerca de 8 pontos percentuais dos cidadãos com esta opinião, passando de 64% para 56% em 2024 (Figura 1). o Por outro lado, entre aqueles que defendem que o Crioulo deve continuar a ser uma língua muito falada, mas não deve tornar-se uma língua oficial em Cabo Verde, regista-se um aumento na ordem de 9 pontos percentuais, passando de 32% em 2022 para 41% em 2024.
  • Os homens em maior proporção dos que as mulheres (60%, contra 53%), os residentes das zonas rurais (62%, contra 54% no meio urbano), integram o grupo dos defensores da oficialização do Crioulo como língua oficial a par do Português. Os indivíduos de todos os níveis de escolaridade, embora com maior incidência entre aqueles que possuem o nível secundário (60%), em todas as faixas etárias, particularmente entre os 36 a 45 anos (60%), e de todas as condições económicas, incluindo as pessoas em polos extremos, quais sejam, com muita pobreza vivida (66%), e sem pobreza vivida (59%), comungam da mesma opinião, ou seja, da oficialização da língua crioula (Figura 2).
  • Aproximadamente sete em cada 10 Cabo-Verdianos (69%) concordam/concordam totalmente com a proposta de utilização do Português e do Crioulo nas escolas primárias do país. Esta opinião já foi suportada por uma maioria mais robusta dos Cabo-Verdianos em 2022, ou seja, assinala-se um recuo em 9 pontos percentuais face aos resultados alcançados em 2022 (78%) (Figura 3).
  • Pouco mais de um quarto dos Cabo-Verdianos (27%) consideram que o atual e os anteriores governos não criaram nenhuma condição necessária para que o Crioulo tornasse uma língua oficial de Cabo Verde, tal como o Português. Por outro lado, a maioria (61%) defende que o governo criou (poucas, algumas ou muitas) condições para alcançar tal desiderato. Não se regista alterações relativamente a 2022 (Figura 4).

Mais de metade dos Cabo-Verdianos é de opinião que o Crioulo deve ser formalizado  como língua oficial tal como o Português, revela uma pesquisa recente do Afrobarometer.  

Comparativamente ao ano de 2022, a proporção dos que defendem que chegou o  momento de Cabo Verde adotar o Crioulo como língua oficial com o mesmo estatuto que  o Português diminuiu, mas este continua um tema que divide a opinião dos Cabo Verdianos. 

Comemorou-se no passado dia 21 de Fevereiro o Dia Internacional da Língua Materna e, no  momento que Cabo Verde celebra os 50 anos da sua independência, a questão da  oficialização da língua crioula reaparece na agenda como um tema que suscita o debate  não somente entre os especialistas em matéria de línguas, mas também entre os atores  políticos. 

O presidente da República recentemente voltou a defender publicamente a oficialização  do Crioulo, em paridade com o Português e, o presidente da Assembleia Nacional  defendeu que devemos promover um debate “reforçado e de tranquilidade” sobre a  língua materna, respeitando as diferenças. 

A Constituição da República de Cabo Verde, de 1992, no seu Artigo 9º define o Português  como língua oficial, mas também prevê que o Estado deva promover as condições para a  oficialização da língua materna cabo-verdiana, em paridade com a língua portuguesa.